"Domine Deus Omnipotens em Cuius Manu Omnis Victoria Consis"

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Um dia ...


[Encontrei esse lindo poema, e como coisas bonitas devem ser compartilhadas, resolvi postá-lo, e que seja "Um dia..." relembrado]
Um dia...




...Quando eu morrer
espero que o mundo sorria.
Porque morrer não é, senão,
nascer de novo outro dia,
pois para a vida, morrer, ou não,
em nada mais influencia.
É esperar o pardal voltar,
mas não ouvir a ave que pia.


Afinal por que raios se vive?
Se ao final da vida está uma porta,
que mesmo que a gente não bata,
ela se abre dura, e morta?

A morte não é
escura, torta.
Porque escuridão é o contrário de Sol.
Acho até mesmo que essa
dura porta,
esconde muito mais do que o Sol.


A porta sem expressão,
expressionista,
impressiona no canto da sala.
Ela se abre, se fecha, e então
esconde a gente e se cala.


E se até o dia morre
quando o sol vai dormir,
e nasce de novo amanhã,
por que sou eu quem vou sentir
o medo tolo da vida
que teme, em vão, se extinguir?


E se até o Sol vai morrer,
quando não tiver mais nada a queimar,
em seu escuro leito de vácuo
e então parar de brilhar,
porque sou eu que vou temer,
o dia em que não mais vou cantar?


Não me assusta a noite.
Noite
Amiga,
Que bate como o açoite
e me lembra que deste lado,
é que se diz que está a vida.


Mas não vejo por essa face.
Afinal
Sim,
Não pode ser, que quem aqui nasce,
morra no momento da luz,
porque nascerá apenas no fim?


Quando eu morrer,
não vou me preocupar, porque
simplesmente, não acredito
que terei realmente com o quê.
Então peço que ninguém se preocupe.
Pois se aborrecer por quê,
se tal nem a mim incomoda?


Vivo feliz porque vivo vivo
e viver vivo já me basta.
Porque há quem morra ainda vivo,
e morto, até a morte se arrasta.


Procurei sempre viver calmo,
mas nem sempre consegui.
Mas consegui viver vivo,
E assim, viver bem, eu vivi.


Nunca fui nada que ninguém
Nunca ter sido, pudesse.
Nem fui nada que ninguém
Nunca ter sido, quisesse.


Não fui mais do que alguém comum,
tão comum quanto pudesse ter sido.
Alguém que nasceu e respirou e viveu
e sentiu dor e amou e sofreu,
igual a qualquer um.


Fui senão uma ave num porto,
que como qualquer outra
das milhares de aves que tem,
cantei um música um dia
e não sei se cantei bem.
Também não me importo,
pois apenas canta, quem
vivo está e não está morto.


Não guardei mágoas de ninguém.
E mesmo que tenha dito que sim,
Menti.
Menti para esconder a fraqueza
que sempre escondi em mim.


Amei o mais que pude,
tudo o que pude amar.
Amei.
Só não amei mais, por medo.
E o medo me fez calar.


Quando eu morrer,
vou-me embora nas asas de um anjo,
para onde ninguém sabe onde.
Sobre o mar, as estrelas, a Lua,
vou pra onde o Sol se esconde.
E se na volta, uma andorinha
não trouxer então, o verão,
que ela chegue até ti, sozinha,
e lhe aqueça o coração...
...Um dia.

Jack Skellington

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